sábado, 14 de maio de 2011

Meu primeiro conto *-*

Oi gente, tudo bem? Faz muito tempo que não posto aqui, e também faz muito tempo que eu estou escrevendo um conto. É o primeiro que eu escrevo, e eu gostei demais...então vou postar aqui pra vocês e estarei escrevendo mais sempre que puder! Espero que vocês gostem ;)


 Sem resposta.



Ele havia ido embora a mais ou menos uma hora. E tudo a minha volta parecia perder o brilho, eu tinha tudo em minhas mãos...menos o que eu queria, ele!
 Então, dentro de mim meu coração sangrava, e as paredes eram coloridas por essa cor que ardia como uma dor sem fim...E eu permiti que continuasse assim, eu não era suficientemente forte pra enfrentar o orgulho e gritar ao seu ouvido o quanto eu o desejava ao meu lado todos os dias. Eu não tinha coragem suficiente para correr atrás dele naquele momento e esquecer de toda a magoa que tínhamos causado um ao outro. E ele também não. Passaram-se horas, dias, meses e finalmente...anosEu ainda não tinha encontrado a cura para aquela dor que toda a noite atormentava meu coração dizendo que ele realmente não voltaria. Eu não conseguia, não tinha capacidade de esquecer o quão feliz eu era ao lado daquele homem que por um orgulho doentio havia me deixado ali, sem ar, sem chão e sem cor. Nunca mais ouvi falar daquele cara que era a minha própria vida.  Sempre pensei que era uma derrota saber que havia perdido a pessoa que mais amara em toda a minha vida.  Mas nunca pude suportar a idéia de voltar atrás daquele que além de ter me feito sentir um amor insuportavelmente maravilhoso, teria me feito sentir um amor insuportavelmente doloroso e cruel, que rasgara meu peito por todos os anos que esperei ansiosamente que ele ligasse ou ao menos mandasse uma carta (naquele tempo não tínhamos celular nem torpedos!).
Ótimo, eu havia mesmo aprendido a viver sem ele e com essa dor alojada dentro de mim feito uma bala.  Até que em um dia ensolarado e lindo...Ele surgiu, do fundo da terra, do fundo do mar, do fundo do meu coração, ou de algum lugar bem distante assim.

"Olá Alice, quanto tempo não nos vemos, como vai a vida? Você continua linda!"; foi o que ele me disse, com a mesma cara do dia em que foi embora.


Minha alma no mesmo instante gritara "Ah, vou muito bem depois que fui deixada por um completo idiota e nunca mais consegui esquecê-lo, minha vida esta uma merda porque VOCÊ a deixou assim, e continuo linda? PORQUE ME DEIXOU AQUI SOZINHA POR TANTO TEMPO ENTÃO, RETARDADO?"
Mas meu senso princesa Isabel falou mais alto e eu apenas respondi:

"Nossa, você por aqui? Nem havia notado que fazia tanto tempo que não nos víamos, estou ótima, e obrigada querido!".

Nunca fui tão falsa em toda minha vida como naquele dia, mas vi algo mudar no rosto que congelara a mesma feição do dia em que se foi de mim por aqueles segundos antes de minha resposta. Parecia que algo que eu dissera o havia tocado profundamente, a ponto de fazer com que o rosto dele revelasse os sentimentos, e os pensamentos que se passavam dentro daquele que eu amara e ainda amava tanto. Deu-me tchau e desejou boa tarde, se retirou com a mesma graça de sempre.  Naquela noite, mal dormi. Aquela feição tão linda e ao mesmo tempo tão intrigante não se retirava de meus pensamentos.

Eu tinha um ódio sem fim, e um amor maior ainda.

No dia seguinte, fui acordada com devida surpresa. Era ele, que batia desesperadamente em minha porta, como se alguém houvesse sofrido algum acidente. Levantei-me rapidamente, abri a porta e ouvi as frases que por todos os meus dias desejara, frases que haviam morado nos meus sonhos por todos aqueles anos.

"Alice, não sei por que me fui. Eu te amo e sempre a amei. Fui louco de deixar-te aqui. Você é tudo que eu desejei sempre, e em toda minha vida!"

O QUE?
ESPERA AI, pause na história.
Como assim, tudo que ele havia desejado? TÔ COM CARA DE IDIOTA POR ACASO?
O bonitão tinha me deixado, ido embora pra cidade grande, voltado 10 anos depois e realmente achava que eu ia me jogar aos braços dele, como se nada tivesse acontecido dentro de mim depois de tanto tempo?
Deixei meu espírito princesa Isabel de lado e logo respondi:

"O que? Você só pode estar brincando comigo novamente! Faz 10 anos, e você se quer me mandou uma carta! Saia da minha frente, não suporto tanto, meu coração já não aguenta mais!"

Os olhos brilhantes do dono de meu delicado coração apagaram, e eu pude perceber que sua boca tinha curvatura para baixo agora. Fiquei me perguntando qual era o propósito dele com tudo aquilo, o que ele queria de mim?

"Alice, me perdoe Alice. Eu não quis, fui obrigado, não sabia que iria te magoar tanto."; Disse ele pomposo, com voz tremula e chorosa.

Não soube responder outra coisa:

"Porque faz isso comigo? Porque me fez isso por todos esses anos?";

Entrei, e imediatamente fechei a porta na cara dele, como se morresse de medo da resposta.
E eu morria.
Uma semana havia se passado, e aquele momento não saia de minha cabeça. Eu queria saber o porquê de tudo aquilo, mas eu tinha medo de alojar a bala ainda mais profundamente dentro do meu frágil coração. Com as pernas bambas e o coração a mil, coloquei uma bela roupa, escovei meus cabelos, passei um batom e fui atrás das respostas, ficar parada ali não adiantaria nada, e eu sabia disso. Cheguei à porta da casa da mãe dele, ele estava lá, então criei coragem e apertei aquela campainha que parecia ser eterna. E ele atendeu a porta. Quando me viu, seus olhos se dilataram como se estivesse muito surpreso e ao mesmo tempo muito feliz. Então eu disse:

"Acho que precisamos conversar, AGORA!"

Ele me olhou, sorriu, puxou meu braço e me levou até o jardim. Então olhei dentro daqueles olhos lindos, criei coragem e perguntei:

"O que aconteceu naquele ano? Porque você foi embora e nem me disse tchau, porque você sumiu sem dar notícias a ninguém?"

No mesmo momento vi seus olhos encherem de lágrimas, como se algo muito importante e ao mesmo tempo muito triste fosse ser revelado. Ele parou por um instante para conseguir engolir o choro, respirou fundo, segurou minhas mãos com a delicadeza que jamais vou me esquecer e então começou a falar:

"Alice, tenho uma coisa muito importante para contar-te! Naquele ano tive que ir embora, não disse tchau para ninguém, nem mesmo para os meus amigos. Não dei notícias e nem fiz contato com as pessoas daqui porque não queria ninguém sofrendo pelos meus problemas. Eu tenho câncer Alice, e naquele ano em que descobrimos meu pai imediatadamente me mandou morar com uma tia, para eu realizar o tratamento. O tratamento estava progredindo e funcionando todos esses anos, até semana passada, quando meu médico disse que meus dias estavam ficando cada vez mais curtos...Então resolvi vir até minha amada cidade ver meus pais, meus amigos...e especialmente, VOCÊ! Eu nunca te esqueci Alice, pensava em você todos os dias, vivia minha recuperação em função de voltar aqui para ver novamente esse seu sorriso que ilumina tudo e todos a sua volta!"

Por um segundo foi como se eu tivesse 15 anos novamente, aquele lindo ser segurando minhas mãos e dizendo que havia vivido em função de meu sorriso. Porque meu Deus? Porque criar alguém tão precioso e depois levá-lo da terra e de quem o ama? Respondi calmamente tentando manter a postura e segurar as lágrimas que já quase rolavam em meu rosto:

"Mal sei o que responder Victor. Todos esses anos tive raiva de você, me perdoe, eu jamais pensei que algo assim..."

Felizmente, não pude terminar minha frase. Fui surpreendida com um beijo. O beijo mais doce, mais amável, mais delicado e cheio de amor que já recebi em toda minha vida. A sensação eu nunca vou poder relatar, porque não existem ainda palavras pra poder explicar o quanto aquele momento me fez imensamente feliz. Depois, combinamos de almoçar juntos no dia seguinte. E eu fui embora, com um fardo de alegria imensa, e com outro de uma tristeza sem fim. Eu amava Victor, mas o que faria? Talvez ele nem estivesse mais vivo dali alguns dias, como eu seria feliz sem aquele homem? No fundo, meu coração pedia que aproveitássemos todos os momentos juntos que teríamos ainda. Mas minha razão gritava para que eu me afastasse dele, ou eu nunca mais poderia respirar sem sua presença, e isso seria um sofrimento eterno. Naquela noite, mesmo com dificuldade, consegui dormir e sonhar com aquele beijo inesquecível.
O dia amanheceu e o sol já batia em minhas janelas como quem diz "Levanta, ele está te esperando!", mais do que depressa tomei um banho, coloquei a mais linda roupa que tinha, e sai de casa com o sorriso brilhando por todos os lugares em que passava. Queria muito vê-lo feliz, e sabia que ele amara meu sorriso desde sempre. Chegando lá, olhei e logo vi aqueles olhos brilhando em minha direção. Sentamos e passamos a tarde inteira conversando, como se o dia não tivesse mais fim.  Victor levou-me até minha casa e despediu-se com um beijo e uma promessa:

"Amanhã irei te levar a um lugar especial, passo aqui às 13 horas!"

Assenti com a cabeça e entrei, me sentia tão feliz que às vezes chegava a transbordar do meu coração.
No dia seguinte, no horário marcado, lá estava eu, com um largo sorriso e o coração palpitante a espera de meu príncipe. Victor se atrasou, mas chegou e parecia estar radiante... a doença que ele tinha não era o bastante para apagar a luz daquele nosso amor tão sincero e intenso. Ele vendou meus olhos, e assim fomos. Quando chegamos, senti um cheiro maravilhoso, era como o nosso amor...doce, vibrante, algo que me fazia sentir uma alegria muito grande. Quando Victor tirou a venda de meus olhos, e eu os abri, tive a visão mais linda de toda minha vida, estávamos num jardim de rosas, lá parecia não ter mais ninguém além de nós, e eram tantas flores que eu nem pude alcançar todas com os meus olhos. Embaixo de uma árvore, havia uma toalha colorida, e muitas coisas gostosas. Victor havia preparado um piquenique, no lugar mais incrivelmente fascinante que eu já havia estado.
Fora um dos dias mais felizes da minha vida, e eu jamais me esquecerei do quanto fui feliz. Ao final do dia, Victor me deu uma pequena caixinha vermelha, com um grande laço. Ao abrir tive uma surpresa, lá havia uma pulseira, com cinco pequenos pingentes.
Ele me olhou atento e começou a falar:

“Vê este cinco pingentes minha princesa? Todos eles tem significado. O coração significa que você para sempre levará e terá junto de ti o meu coração, as flores são pra te lembrar deste dia maravilhoso, este número dez é pra te lembrar que dez anos se passaram mas que ainda assim o nosso amor resistiu a tudo, esta menininha sorrindo é pra te lembrar o quanto eu amo seu sorriso, e finalmente, este símbolo do infinito é para te lembrar que não importa o que aconteça daqui pra frente, o nosso amor será sempre eterno, e jamais existirá barreiras para nos separar!”

Naquele momento, lágrimas corriam de meus olhos sem que eu pudesse evitar. Era como se eu soubesse que o fim estava próximo, e meu coração se recusava a aceitar que eu perderia novamente o homem que amei por toda a minha vida.  Victor me deixou em casa, olhou em meus olhos e disse um sonoro e delicado “EU TE AMO”, disse que logo nos veríamos de novo, então me acalmei e deixei que ele fosse. No dia seguinte, às 6 horas da manhã meu telefone tocou, e logo após viver o dia mais feliz da minha vida, havia começado o pior dia da minha vida.
O meu amado, homem da minha vida, tudo que eu mais amei no mundo, a única coisa que me fazia sorrir por qualquer motivo, havia ido embora. Para sempre.
Meu coração não podia agüentar tanta dor, então comecei a chorar como se eu nunca mais pudesse parar. Chorei tanto naquele dia como eu nunca havia chorado. Depois daquele dia, era praticamente impossível levantar da cama e ter a capacidade de respirar, com o tempo aprendi que eu precisava viver sem ele, e mesmo que eu tenha conseguido sorrir de novo algum dia, Victor jamais saiu de minha vida, de minha memória, e de meu coração. E finalmente eu entendi que quando amamos alguém, precisamos ter coragem de correr atrás daquela pessoa, pois um dia ela pode ir embora, e então você perdeu todo o tempo que podia ter tido junto dela, perdeu todo o tempo em que podia ter a amado incondicionalmente.

Victor fez uma nova Alice, hoje eu não deixo nada pra amanhã, pois amanhã pode nem chegar.
                            
                                                  (Verônica Penha Mascheto)

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